Compromisso e transformação

“Desejamos ver estudantes e profissionais que formem comunidades de discípulos, transformados pelo evangelho, que impactem o mundo estudantil, a igreja e a sociedade para a glória de Cristo.” – Visão da IFES e da ABUB

Por Sarah Nigri, secretária geral

Muitos dicionários associam o termo “compromisso” com “pacto” ou “aliança”. Todo compromisso implica em responsabilidade e engajamento, impondo o desafio de se abrir mão de interesses próprios em favor do próximo ou de um propósito sublime pelo qual valha a pena viver (ou mesmo morrer!). Na Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB) assumimos, antes de tudo, o compromisso com Deus e com as Escrituras Sagradas; com Jesus Cristo e sua missão de reconciliação. Por isso, somos uma “aliança bíblica de estudantes e profissionais” que atuam no – e a partir do – mundo estudantil.

A visão da ABUB (e da IFES, nossa comunidade internacional) revela um saudável equilíbrio entre o chamado cristão para evangelizar e discipular e suas implicações práticas em todas as áreas e dimensões da vida. Manter esse equilíbrio é um grande desafio e requer compromisso e obediência. Em um documento de 1991, às vésperas do Congresso Nacional de 1992, Ziel Machado escreve:

“Se a ABUB é chamada a fazer discípulos nas universidades, escolas e no mundo profissional, precisamos refletir sobre o ‘para que’ fomos chamados e reformular nossas estratégias de forma que estes objetivos sejam alcançados. A palavra aqui é a obediência ao chamado de Deus. (…) Não adianta só zelo no realizar o chamado; é necessário sensibilidade e entendimento do contexto. Uma análise da situação brasileira e estudantil nos últimos anos como pano de fundo para a previsão da situação na próxima década seria um instrumento utilíssimo para o desempenho de nosso chamado nos próximos anos.”

Essas palavras, registradas há quase 20 anos, representam ainda hoje um imperativo para a missão estudantil: é necessário compromisso e sensibilidade para compreender as questões colocadas por cada geração, além de entendimento do contexto brasileiro e estudantil no qual a ABUB está inserida.

Ao aproximar-se o início de uma nova década, é preciso perguntar que tipo de diferença a ABUB tem feito como associação missionária no Brasil. Como estudantes, profissionais e assessores, seguimos conectados com as questões levantadas no mundo estudantil hoje? Permanecemos comprometidos com a missão de impactar positivamente o ambiente ao nosso redor? Por isso, ao longo de 2019 – ano que antecede a realização do Congresso Nacional 2020, evento especial de uma semana – a palavra de ordem que perpassará nossos encontros de formação é compromisso. Tudo o que realizamos como ministério, sejam treinamentos, ações de diaconia, projetos evangelísticos etc., deve fortalecer nosso compromisso com o evangelho, nosso engajamento com o mundo estudantil e nossa responsabilidade de viver em fidelidade a Deus, sem nos distanciarmos ou nos alienarmos da realidade que nos cerca.

Esperamos que o CN da década possibilite a avaliação de nossa caminhada e o estabelecimento de metas e estratégias para o ministério estudantil nos próximos anos, a fim de que a visão da ABUB seja fortalecida e siga se concretizando. Por isso, temos trabalhado nos últimos meses na construção de um planejamento estratégico para a nossa organização que aponte as prioridades e diretrizes para a missão estudantil (2020 a 2024).

Planejamento estratégico

Entre setembro de 2018 e março de 2019 foram recebidas contribuições (por meio da metodologia FOFA/SWOT) de diferentes instâncias da ABUB (obreiros, diretores nacionais, assessores e diretores regionais) com o objetivo de identificar as maiores fortalezas, fraquezas, oportunidades e ameaças para a missão estudantil no contexto atual. A partir das informações reunidas e de consultas que serão realizadas ao longo de 2019, desejamos elaborar um plano estratégico para a ABUB com diretrizes que nos auxiliem no monitoramento e na avaliação de nossas ações no futuro.

Também esperamos realizar no segundo semestre de 2019 um censo do movimento que enriquecerá o processo de planejamento ao levantar dados e informações que poderão servir como “ponto de partida” para as metas e os sonhos que construiremos juntos.

Fortalecendo nossa visão e a missão

Ao ler as informações coletadas pelo FOFA, percebemos que há um forte desejo entre estudantes, obreiros e diretores nacionais de que a ABUB dê as caras (seja nas escolas, universidades, igrejas, entre movimentos de juventude etc.) e impacte de forma positiva e relevante esta geração. Nossa identidade missionária nos convoca a “sair do saleiro” e a “ser luz” onde estivermos!

É possível perceber um anseio para investirmos mais em ações pioneiras, parcerias e grupos pouco alcançados pela ABUB (como os estudantes internacionais e os alunos de universidades particulares). O FOFA nos mostra um desejo de maior conexão com a realidade estudantil e com temas atuais, sensíveis a esta geração. Construção de pontes, contextualização, engajamento e disposição para sair da “zona de conforto” são desafios apontados por diferentes atores do ministério estudantil.

As ameaças geradas pela polarização política e pelas crises que vivemos atualmente no Brasil também foram pontuadas, e a ABUB é vista como um espaço que, a despeito de ser afetado por estes problemas, também tem potencial para oferecer alternativas e contribuir para a solução de conflitos, promoção de diálogos, busca de reconciliação, justiça e paz por meio da mensagem e da vivência do evangelho.

É levando em conta estas percepções e sugestões que propomos para o Congresso Nacional 2020 o estudo dos seis primeiros capítulos do livro de Daniel e também o Sermão do Monte. Desejamos refletir sobre o desafio de permanecermos fiéis a Deus e ao seu Reino, acima de todas as coisas, sem que isto promova a formação de guetos evangélicos, a alienação da realidade e o abandono de nossa vocação para sermos sal e luz em nosso meio.

Somos chamados para sermos servos do Rei, independentemente dos reinos e governos que se estabeleçam neste mundo. Mas, como Daniel e seus amigos, também somos chamados a exercer nossa vocação nesta geração, no lugar onde estamos. Somos usados pelo Senhor para transformar a realidade ao nosso redor, cooperando com o projeto de reconciliação de todas as coisas em Cristo Jesus.

No CN 2020 desejamos desafiar a ABUB a olhar para si e refletir sobre sua identidade, vocação e missão. Precisamos reconhecer e confessar nossos pecados e pedir ao Pai que nos ajude a obedecê-lo, afinal, “nem todo que me diz Senhor, Senhor… mas aquele que pratica”. Não basta anunciarmos a mensagem, precisamos encarná-la. Nosso ensino deve gerar compromisso, arrependimento e obediência. Nossa formação – reconhecida no FOFA como fortaleza da ABUB por unanimidade! – não deve promover apenas o conhecimento teológico (muito menos disputas e partidarismos), mas a disposição para amar e se sacrificar pelo próximo e pelo Reino de Deus.

Comprometidos desde já!

Falta pouco mais de um ano para o CN da década. Como podemos aproveitar ao máximo o tempo que antecede esse importante encontro e nos engajar para que o CN 2020 discuta as questões mais relevantes para a missão estudantil nesta geração e resgate o que nos é essencial e inegociável desde as origens da ABUB e ao longo de sua história?

Precisamos de oração e discernimento. É Deus quem deve nos orientar e apontar o caminho. Também necessitamos ser humildes e obedientes à sua voz. De nada adianta conhecer a vontade do Senhor se não estivermos comprometidos com o seu cumprimento! Além disso, é necessário conhecermos nosso campo missionário e a realidade ao nosso redor, pois nossa missão não deve ser desconectada de nosso tempo e desencarnada de nossa cultura.

Compreendemos nossa visão e vocação: formar comunidades de discípulos transformados pelo evangelho; suas implicações e objetivos: impactar a sociedade, a igreja e o mundo estudantil; assim como a correta motivação de todas as ações e de nosso trabalho: glorificar a Jesus Cristo! Não podemos perder de vista estes princípios. Que o Senhor nos ajude a reafirmar nosso compromisso com o seu Reino e com a missão estudantil e nos capacite a realizar a sua obra com fidelidade, perseverança e amor.

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