“Deus, por que há tanta injustiça?”

Para muitos estudantes iniciar a universidade traz dificuldades: morar longe da família, aprender a se organizar, buscar estágio. Mas a realidade de um sistema injusto faz com que as dificuldades sejam muito maiores para alguns. Por isso clamamos a Deus: por que há tantas injustiças no ensino brasileiro? O custo alto até mesmo para manter-se nas universidades públicas, as políticas precárias de assistência aos estudantes e créditos cada vez mais restritos para as universidades particulares excluem muitos de alcançarem o sonho do diploma, especialmente aqueles que precisam ajudar financeiramente seus lares. O preconceito social e o racismo faz do período na universidade difícil para pessoas periféricas, negros, indígenas, entre outros. Por isso este mês queremos orar junto com Habacuque, clamando a Deus:

“Teus olhos são tão puros
que não suportam ver o mal;
não podes tolerar a maldade.
Então, por que toleras os perversos?
Por que ficas calado enquanto os ímpios devoram
os que são mais justos que eles?” – Habacuque 1:13 (NVI)

“Desconhecem o meu rosto”

Já publicamos histórias como as de professores fazendo declarações racistas em sala de aula, e da dificuldade de uma mãe solteira em chegar para o vestibular longe de sua casa. Por que, Deus, toleras tanta injustiça? Por que permite que perversos continuem oprimindo aqueles que buscam a educação no Brasil?

A estudante Nayara Melo, da ABU Recife (PE), conta como a luta para graduar-se em odontologia, mesmo em uma universidade pública, tem sido repleta de obstáculos e injustiças:

“Para fazer odonto, tive que sair da minha cidade natal, no interior do meu estado. Comecei morando meio de ‘favor’ na casa de pessoas da minha antiga igreja. Depois consegui, junto com minha família, estruturar o pagamento de aluguel. Hoje já estou no final do curso, mas mesmo em universidade pública, todo o material utilizado é pago pelo aluno. Aconteceram muitos milagres de pessoas que me deram materiais ou comprei usado. Mas isso não poupou que eu tivesse que pagar R$ 3-4 mil em um semestre, e que tive que dividir em muitas vezes para quitar.

“Escutei de muitas pessoas de dentro da própria igreja: “Você vai conseguir pagar esse curso?’ E não lembro o que respondi, mas lembro o quanto me feriu. Hoje vejo como Deus abriu portas e pessoas para contribuir e me ajudar. Não consegui muito êxito em bolsas de auxílio e isso tornou as contas bem apertadas. Estou em um curso elitizado e branco, eu, negra e com o dinheiro contado. Algumas vezes em que fui ao curso com turbantes e afins recebi olhares de julgamento. Sempre dizem que não tenho ‘perfil de saúde’ ou não tenho ‘cara de dentista’, e talvez digam isso pois não conheçam dentistas negros, e toda ‘cara’ de dentista é branca, por isso desconhecem o meu rosto. Mas, como no movimento de resistência [negra] aprendi, tudo isso transformamos em luta. Continuo com pouco dinheiro, mas tenho capital de conhecimento, pesquiso sobre desigualdades raciais em saúde e, por mais que seja doloroso o processo de pesquisar sobre o que sou atingida cotidianamente, preciso falar para que outros não passem.”

Interceda pelas injustiças

  • Clame conosco a Deus: por que há tanta injustiça? Por que perversos e ímpios seguem tendo espaço e poder dentro do ensino brasileiro? Apresente a ele os casos de injustiça que lhe vem à mente e peça que o nosso Senhor intervenha com sua justiça e seu amor!
  • Ore conosco por Nayara e outros estudantes como ela: que Deus lhes dê força e envie pessoas para ajudá-los. Que Deus também sensibilize os grupos locais para unirem-se e apoiarem estas pessoas em suas lutas, seja em oração ou atitudes mais práticas. Ore para que Deus atue no coração daqueles que deixam o racismo e outros preconceitos os levar a excluir ou constranger estes estudantes, que o Espírito Santo lhes convença do pecado e que a justiça seja praticada. Que nosso Senhor dê coragem para as lideranças das escolas e universidades aplicarem a justiça e a equidade, apesar das oposições.
  • Relembrando a escola de Suzano (SP) e o massacre, clame a Deus e interceda por paz e justiça! Que nosso Senhor possa restaurar e cuidar dos adolescentes, dos familiares, dos professores e funcionários. Agradeça a Deus por aqueles funcionários e professores que foram corajosos e rápidos em acolher os jovens desesperados. Peça a Deus que possamos dialogar em nossa sociedade sobre o ódio, nos examinar e observar as estruturas de injustiça que alimentam ações como essas.

Gostou do conteúdo?

Compartilhe nas redes sociais e faça mais pessoas conhecerem a ABUB.