Práticas que promovam justiça!

Por Pedro Grabois

Como pregar o evangelho sem importar-se com a miséria do faminto, do sem teto, ou sem confrontar-se com as estruturas corrompidas da sociedade?” (Pr. Marcos Vichi)

Sempre me inquietei com o tema da justiça.Mais do que um tema, a prática da justiça frente às situações de injustiça era para mim um problema mesmo: “o que fazer?” e “como fazer?”. Durante muito tempo (a adolescência e início de juventude me parecem, ainda, ter durado um longo tempo), eu procurava chamar meus irmãos da igreja local a algumas pequenas reflexões, pequenas ações ou atitudes que pudessem transformar, de alguma forma, a vida das pessoas que estavam em situação de abandono ou que haviam sofrido algum tipo de violência.

De lá pra cá, foram várias atividades de visitação a abrigos e asilos e alguns pequenos ciclos de debates sobre problemas como violência urbana e desigualdade de acesso e posse da terra (para dela trabalhar e viver). Tudo isso ocorreu na igreja local. Minhas ações, em geral, se limitavam à realidade e aos recursos que a igreja local me fornecia.

Alguns anos se passaram, e eu permanecia acreditando nas pequenas mudanças, nas pequenas transformações que o Evangelho (em forma de alimento espiritual e físico) podia causar na vida das pessoas. No entanto, uma inquietação sempre me acompanhou: eu me via agindo sempre sobre efeitos da violência e da injustiça, tentando remediar micro-problemas, enquanto as estruturas da sociedade permaneciam não questionadas e inquestionáveis. Uma convicção passou a me acompanhar: era preciso, de alguma forma, articular as pequenas ações por justiça na vida das pessoas à minha volta com ações que incidissem sobre “o todo” da sociedade na qual eu vivia. Quem me ajudou nesse processo de pensar e agir para além da “realidade local” foi a ABU.

Se fosse resumir o que trabalhar com evangelização de estudantes com a ABU me ensinou em termos de ação sobre a coletividade, diria o seguinte:

1) A ABU me fez caminhar espiritualmente e trabalhar na Missão junto com pessoas de outras igrejas: me fazendo reconhecer as várias possibilidades de atuação das igrejas locais, das mais diversas denominações.
2) A ABU me fez contornar aquelas possíveis diferenças entre mim e os outros crentes: deixando de lado detalhes de doutrina, pude me ater ao mais essencial junto aos colegas da universidade para realizar um objetivo comum.
3) A ABU me apontou um caminho de articulação com outras organizações (como Rede Fale e Rede Evangélica Nacional de Ação Social [RENAS]), me abrindo, assim, cada vez mais o leque de possibilidades de articulações e parcerias na hora de realizar o trabalho missionário.

A ABU me trouxe novos conhecimentos: novas práticas de ação social e política estavam agora à minha disposição. Comecei a colaborar com a Rede Fale e com a RENAS, ajudando também a construir a RENAS-Jovem. De 2008 pra cá, foram campanhas locais e nacionais, encontros e reuniões, fóruns e seminários. Caminhar com movimentos e redes me vem me ensinando que é possível unir diferentes perspectivas de ação em torno de um objetivo comum: a promoção da Justiça do Reino de Deus.

Esse ano fui escolhido para representar a ABUB no Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE). A demanda é representá-los: aquilo que vocês sonham e pensam em termos de justiça e transformação social pode ser levantado como uma bandeira, uma voz nos grandes centros de decisão do país. Minha expectativa é a seguinte: que haja, entre mim e o movimento, uma troca substancial, uma parceria, uma cumplicidade. Que possamos agir e sonhar juntos. Espero que esse breve relato da minha caminhada possa abrir um canal entre nós e encurtar as distâncias de um país de proporções continentais como o Brasil.

Para entrar em contato comigo: pedrojustica@gmail.com ou www.justicaintegral.blogspot.com

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